Blog pessoal de Ana Paula Motta

Domingo, 27 de Dezembro de 2009

Teve um ano difícil. A decisão de deixar para trás a casa confortável, os amigos, os parentes e até mesmo os meninos adolescentes não tinha sido fácil.
Sua mãe tinha sido uma santa quando trouxe pra ela a responsabilidade por seus rapazes. O marido mais uma vez demostrou um carinho maior que qualquer outra pessoa, decidiu trabalhar menos e comprou aquele chalé no meio do nada.
A filhota, sua bonequinha, sua única companhia de segunda a quinta.
Os meses no campo tinham feito bem,estava mais gorda,é verdade, mas tinha a pele mais brilhante e os cabelos estavam compridos e sedosos. Voltou a gargalhar como antes.
Resolveu transformar a casinha num lugar mágico. O primeiro Natal longe do "mundo", cercada de neve, de vento, de casinhas simples. Uma aldeia, onde todos se conhecem e se cumprimentam com um bom dia.
Tricotou suas primeiras peças, uma meia para esperar o bom velhinho e um cachecol vermelho para sua pequena.
Forno quente, comida farta,presentes na árvore e um presépio singelo. Tinha tantos afazeres que nem viu a hora passar.
Anoiteceu cedo e nem sombra dos meninos e Ele. Um aperto no estômago trouxe de volta emoções que preferia esquecer.
Medo.

Penteou o cabelo da pequenina, pôs o vestido novo. Mesa arrumada, luzes piscando.Lá fora, só o vento.
Resolveu contar uma história, A Pequena Vendedora de Fósforos. Ficaram as duas ali absortas na tristeza da protagonista. Adormeceram abraçadinhas sob a manta xadrez.
Acordaram assustadas com uma lufada de vento gelado. Os homens da casa. Dez e meia da noite. Pai ao piano, risadas alegres. Os meninos encantados com o velho trenzinho deslizando nos trilhos embaixo da árvore. As antigas bonecas de porcelana traziam um brilho especial aos olhos da filha.
Correu para a cozinha, por pouco o rei da ceia não vira carvão. Respirou aliviada. Estava a salvo.
Sentou-se à mesa e sorriu, aos poucos tinha sua vida de volta.


publicado por Ana Paula Motta às 23:51
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Segunda-feira, 21 de Setembro de 2009

Hoje essa sou eu assim inteira.
Sem medos, disposta a pular sem redes.
Com uma sede de vida que ninguém ousa me roubar.

Hoje essa sou eu.

Sem medo ser feliz..
Essa...sou EU
saltando rumo ao céu,

com a primavera a esperar no horizonte...

publicado por Ana Paula Motta às 14:42
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Sexta-feira, 4 de Setembro de 2009

...


A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.


...


Eros e Psique (trecho) -Fernando Pessoa


Em sonhos vamos longe, em sonhos somos capazes de inventar países,somos capazes ganhar asas.


Sonhar é maneira otimista de fazer planos e caminhar rumo ao sol, rumo a vida.


Os sonhos ganham mais cores se antes de dormir ganhamos um beijo de boa-noite.


Noites bem sonhadas são abre-alas para um dia bem vivido.


Que venham os sonhos, as noites de lua, os beijos de boa-noite e as "rosas e rios e manhãs claras ".


Que venha a vida que como diz a grande Cecília Meireles "só é possível reinventada".


publicado por Ana Paula Motta às 13:23
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Quinta-feira, 20 de Agosto de 2009


Uma sensação de sufoco por causa do calor fora de época ou por motivos menos climáticos.

O fim de tarde não trazia boas promessas ou um horizonte belo. O cinza da cidade se espalhava pela alma ou o cinza da alma nublava os olhos.

Um bando de andorinhas alardeava o verão fora de hora.

No meio da multidão, a sensação de não ser reconhecida por nenhuma daquelas caras de certa forma a confortava. Mas viu esse pequeno conforto ser ameaçado. Esquivava-se da cara conhecida, não queria abraços, beijos e – o pior- trocar palavras. Conseguiu escapar.

Respirou fundo e venceu a fumaça da comida de rua e dos veículos feito formigas atarantadas em fim de dia.

Venceu o medo, o enfado e procurou em vão as tais andorinhas. Decerto foram anunciar o verão em outra freguesia.

Os ruídos ensurdecedores se transformaram em silêncio opressor. Estava chegando em casa, carregando nos ombros o peso de viver, o peso do mundo.

publicado por Ana Paula Motta às 22:40
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Terça-feira, 4 de Agosto de 2009

Por vezes carregava uma dor etérea, como de algumas madonas sacras.

Na maior parte do tempo era alegre como uma cantiga primaveril.

Tinha uma fé quase infantil, fé de menina. Rezava pra anjinhos e santos e era fascinada por velas.

Dos anjos tomou emprestadas as asas.

Anda por ai alada e confusa, mas feliz... ou quase.




publicado por Ana Paula Motta às 18:24
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Sábado, 20 de Junho de 2009
Vilarejo
Marisa Monte


Composição: Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

(tudo de novo)
publicado por Ana Paula Motta às 16:48
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Domingo, 14 de Junho de 2009

Em cidades como essa eu me sinto em casa. Sinto que posso me mudar de mala e cuia, de sonhar com vida nova, de “sumir” do mundo e construir novo mundo.

Pra cá trago filho,amor,cachorro e meus livros.


Cidades com história me fascinam na mesma medida em que lugares desertos me dão um certo desespero.

Gosto do campo, na verdade gosto de cidades do interior, gosto dos povoamentos, dos núcleos urbanos não muito grandes, mas com o mínimo de arsenal urbano para um ser humano como eu sobreviver.

Acho que ia ser feliz vivendo aí. Cidade linda, antiqüíssima, fria, cheia de história, de tradições, plena em vida.

“Você me abre seus braços e a gente faz um país.”




publicado por Ana Paula Motta às 21:41
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Domingo, 12 de Abril de 2009


alegria

"Muitas vezes me acontece de brincar o jogo do contente sem pensar, a gente fica tão acostumada que brinca sem saber. Em tudo há sempre alguma coisa capaz de deixar a gente alegre; a questão é descobri-la." Trecho do livro Pollyana de Eleanor H. Porter

Muitas vezes acreditei em tal história, mas morria de vergonha de admitir. Era ser piegas. Não combinava com uma moça tão politizada, que gosta de “boas leituras”, “boa música”. Era mais aceitável um belo poema de dor, um texto mais denso, mais tenso.

Acontece que como diz o ditado: A pessoa é pro que nasce. Tem algo na natureza de cada um que acaba dando um rumo (ou,não) na maneira de ver as coisas. Pode parecer que se trata de camuflar as dores, os tons cinzas que a vida traz de quando em quando. Quem me conhece sabe que não sou assim.

Dificilmente sou capaz de dissimular minhas dores, nem minhas alegrias. Tem quem diga que sou a criatura mais transparente do mundo (será defeito?) e assim vou me espalhando por aí. Agora não me importo de ser chamada de “piegas”, “cafona”, “conformada”. Quero é ser feliz.

Não nasci para arrastar correntes. Quando não me é possível sair do afogamento sozinha peço bóia, os amigos sabem disso. Sem medo de me repetir usei uma frase da Martha Medeiros num outro post “Depois dos 35 ( ... )estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.”

Claro que sair de crises de tristeza e de depressão não é “bolinho”, nada é simples assim. Mas cada passinho ajuda a beça. Tem dias que até respirar dói,mas... Adelante!!!

publicado por Ana Paula Motta às 23:57
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Segunda-feira, 23 de Março de 2009

Plena em lua...

lua

De lua. Quando alguém anda meio descompensado psicologicamente dizem que está “de lua” ou pior que é “de lua”.

Acho que todos temos nossas fases “de lua”, no bom e no mau sentido.

Falemos do bom sentido. O que é estar de lua? Acho que pra mim é estar em plenitude, sorvendo a vida pelas narinas, vibrando em boa sintonia com o mundo, numa harmonia rara, mas possível.

Acho que estar plena em lua é cantar pela manhã sem que tenha muita explicação, é ter a alma aos pulos naturalmente, é sentir aromas antes despercebidos. É gostar de viver.

È ter certezas que brotam não sei de onde, acho que é se sentir feliz. Estado portando não vulgar, bem-vindo e que deve ser saboreado como o doce preferido, devagar não devorando vorazmente. De-li-ci-a-do.

Plena em lua. Delícia da vida.

Observação intracósmica

Hoje olhei pro céu

Vi uma coisa diferente

Tinha lua. Redonda, bem cheia

E estrela

A coisa diferente:

Tinha uma lua em mim.

Carla Guedes

Esse texto conheci no Livro Verso in`verso (presente da professora Zenilda Guedes),a autora é uma “menina” macaense de apenas 20 anos.


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publicado por Ana Paula Motta às 11:22
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Quarta-feira, 4 de Março de 2009

Um dia insuportavelmente quente, a taxa de juros, um calo no pé, as contas de início de ano, a crise mundial.
Caminhava atormentada por essas questões num dos lugares mais feios do mundo ( a Avenida Visconde do Rio Branco, nossa fétida Beira Valão, próximo a decrépita Rodoviária Velha) quando no meio do caos urbano surge um som de assobio.
Me virei para descobrir quem era o feliz cidadão desfilando sua alegria "apesar de..." por ali. Imediatamente me dei conta que precisava voltar ao meu estado normal. Eu também sou uma cidadã que se alegra "apesar de" ou melhor "por causa de".
Se o calor é infernal ou as coisas andam difíceis também tenho muito mais motivos para me sentir bem.
Aquele anônimo me deu uma "situada". Fui a uma consulta médica e fui até capaz de fazer ouvidos moucos para uma mulher que reclamava sem parar de tudo e de todos sentada à minha frente. Fui recebida com um sorriso acolhedor por meu médico, saí da consulta e fui saudada pela mãe- natureza.
Uma chuva deliciosa de verão me esperava na rua. Dispensei o guarda-chuva de florinhas cor-de-rosa e deixei a água me lavar a alma (não faço escova nem chapinha!!!).
Hoje eu não chorei junto com o céu. A chuva me iluminou o dia.
publicado por Ana Paula Motta às 21:36
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Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009

Eu adoro os poemas da Adélia Prado. Tão cotidianos, tão diretos e ao mesmo tempo cheios de delicadezas.

Uma simplicidade cheia de cumplicidade com os pensamentos mais comuns.

São lindos os poemas da Adélia...Primavera

"Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho."
publicado por Ana Paula Motta às 07:57
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Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Tinha tudo pra ter um sono agitado.

No dia seguinte era dia de pagar os cartões de crédito, meu pai anda doente, mas desde que coloquei meu corpo sobre a cama intuí que seria diferente.

Comecei a ler, como sempre, um livro para que o sono viesse. Na hora das orações uma sensação de paz invadiu minha alma toda, e as imagens que me vieram foram as mais suaves do mundo.

Fui dormir me sentindo uma privilegiada. Uma aura de tranqüilidade e mesmo de felicidade, uma alegria suave, dessas que não surgem todos os dias.

Tive até um pesadelo com meu cachorro, mas no meio dele o bichinho se acalmava.

Acordei junto com o sol, preparei o leite do meu filho, fiz as orações da manhã (as mesmas imagens estavam lá) e voltei a dormir.

Outra vez um pesadelo me assaltou, literalmente, pois foi com uma tentativa de assalto num banco. Mas o final foi feliz (onde já se viu final feliz num assalto!!??), com tudo resolvido.

O cotidiano continua com seus problemas, tenho contas a pagar, telefonemas a dar, mas acordei sem sobressaltos. Acordei com certezas de que posso dar conta dos obstáculos da vida.

O dia até amanheceu mais fresquinho, com uma brisazinha amiga.

Pois é, carpe diem.

publicado por Ana Paula Motta às 11:01
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Quinta-feira, 25 de Dezembro de 2008

"E

RA UMA VEZ uma criança que adorava ouvir histórias...
ela nada mais esperava que viver cada momento,
mas a cada passo dado neste seu mundo de sonhos e fantasia,
pouco a pouco, sem o perceber,
ia encontrando um sentido para a vida..."

Little women

Avozinha Garoa vai cantando
Suas lindas histórias, à lareira.
"Era uma vez... Um dia... Eis senão quando..."
Até parece que a cidade inteira

Sob a garoa adormeceu sonhando...
Nisto, um rumor de rodas em carreira...
Clarins, ao longe... (É o Rei que anda buscando
O pezinho da Gata Borralheira!)

Cerro os olhos, a tarde cai, macia...
Aberto em meio, o livro inda não lido
Inutilmente sobre os joelhos pousa...

E a chuva um' outra história principia,
Para embalar meu coração dorido
Que está pensando, sempre, em outra cousa...

Mário Quintana

("A Rua dos Cataventos")

"E quanto àquela criança que adorava ouvir histórias?
O mais importante que resta disso tudo é que nunca esqueçamos a lição... crianças, jovens ou adultos, no mundo das fadas todos seguimos encantados e... FELIZES PARA SEMPRE !"

Paulo Urban



publicado por Ana Paula Motta às 23:26
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