Minha alma ainda dormia
Meu corpo ainda dormia
Em abril, meio do dia
Sua alma me seguia
Seu corpo me queria
Em abril, meio do dia
Minha alma se perdia
Meu corpo te pedia
Em abril... Meio do dia
Minha alma ainda dormia
Meu corpo ainda dormia
Em abril, meio do dia
Sua alma me seguia
Seu corpo me queria
Em abril, meio do dia
Minha alma se perdia
Meu corpo te pedia
Em abril... Meio do dia
A felicidade surge de repente com o vento sul.
Desarruma os cabelos, aquieta o coração.
Abro os braços e deixo-me levar.
Poema de Lya Luft que não encontrei em um dos tantos livros que tenho,mas na internet.
CANÇÃO DA PLENITUDE
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força -- que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
Varre de dentro
o solzinho tímido.
Postagem antiga do Todos os Sonhos de Abril do Clube de Leituras.
AdalorÁfricoAlísioAragemAuraAustroBrisaCicloneEspiroEuroFuracão
Garbino
LariçoLestadaLevanteMareiroMistralMinuanoMonçãoNortadaOressa
Pampeiro
RafadaRajadaRedemoinhoSirocoSobreventoSuestadaTerralTornado
Tramontana
TravessãoTufãoVendavalViraçãoXamalZoeira
Tudo isso é vento
É desassossego em mim
Poema originalmente postado em 17 de novembro de 2008
“Em sonhos sou igual ao moço de fretes e à costureira. Só me distingue deles o saber escrever. Sim, é um acto, uma realidade minha que me diferença deles. Na alma sou seu igual.”
Livro do Desassossego – Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Apesar do medo
escolho a ousadia.
Ao conforto das algemas, prefiro
a dura liberdade.
Vôo com meu par de asas tortas,
sem o tédio da comprovação.
Opto pela loucura, como um grão
de realidade:
meu ímpeto explode o ponto,
arqueia a linha, traça contornos
para os romper.
Desculpem, mas devo dizer:
eu quero o delírio.
Lya Luft
Respirava um vento frio.
Era o luar que subitamente inundou seu coração...
Sonhar, viver em transbordamento.
Menina,
É preciso cuidar-se.
Prepare seu mundo em silêncio,
Arrume sua casa sem alarde,
Cuide do que é seu com reservas,
Sorria de felicidade, não gargalhe,
Cultive suas flores com zelo,
Espalhe suas sementes no jardim
Deixe que as raízes
Agarrem-se ao solo devagar,
Quieta no silêncio particular,
Traga para o seu sonho em noite alta,
O canto de sua alma a transbordar...
Tenho no coração uma caixinha de música
Nos dias felizes eu giro
Eu danço
E me lanço no ar
Hoje eu estou assim
Meio bailarina
Muito menina
Ouço m eu coração cantar.
(
Quando chegaste, redescobri em mim inocência e alegria.
Removi a máscara que sobrava:
nada havia a esconder de ti,
nem medo - a não ser partires.
Supérfluas as palavras,
dispensada a aparência, fiquei eu,
Sem prumo,
como antes da primeira dúvida
E do último desencanto.
Quando chegaste, escutei meu nome como num outro tempo.
O meu lado da sombra entregou
o que ninguém via:
As feridas sem cura e a esperança sem rumo.
Começa a crer, por mim, que o amor é possível,
e a vida vale a pena e o pranto
de cada dia.
Lya Luft
Chove lá fora
chove aqui dentro
há nuvens em mim.
Há chuvas felizes
plenas em vida
ou chuvas assim.
Chove bem cinza
lá na calçada
nos olhos, no fim...