Blog pessoal de Ana Paula Motta

Sexta-feira, 31 de Maio de 2013

Abriu a porta e recebeu com náusea o ar infestado de solidão. Matou a escuridão com um toque no interruptor.


Chegava sempre exausta das aulas menos pelo esforço intelectual que pela ausência dos seus. O apartamento minúsculo e impessoal não ajudava a melhorar o ânimo.


Despejou na mesa as compras, alimentos em quantidade muito grande para quem vivia só. Começou a preparar meia receita de pizza. Farinha, água, sal, açúcar, azeite e meia saqueta de fermento. Não era mulher de metades.


Pôs a mesa, foi recolher as roupas no varal, enquanto a massa descansava desanimada. Esticou a massa,assou, colocou a cobertura de queijo, rúcula e tomate.


Sentou-se à mesa, engoliu seco e resolveu mudar de lugar. Ligou o computador e sentiu um frio estômago, na tela a mensagem: “Minha família chamando”. Sorriu ao ver os três filhos espremidos em frente à câmera, ofereceu um pedaço da pizza de rúcula. Recusaram com uma careta e responderam de pronto: “Papai fez lasanha à bolonhesa.”.


O marido, até então só visto pela metade, se abaixou e despejou toda saudade numa frase: “Quando esse curso termina?”


Depois das despedidas, nem se animou em lavar a louça. Mergulhou num banho quente e deixou as lágrimas rolarem.

Mais seis meses... só.

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publicado por Ana Paula Motta às 21:48
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Segunda-feira, 24 de Setembro de 2012

Em todos esses anos, nada foi capaz de tirar-te de dentro de mim- nem mesmo tu.

 

música: Tatuagem- Chico Buarque
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publicado por Ana Paula Motta às 03:55
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Quinta-feira, 2 de Agosto de 2012

Enquanto o novo texto não fica pronto deixo aqui essa música que é perfeita para essa noite.

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publicado por Ana Paula Motta às 03:28
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Quinta-feira, 3 de Maio de 2012

“Uaaaal, esse vestido é a própria primavera.”

Sorriu ignorando a leve ironia, irradiava alegria como as flores em diversos tons, do azul lavanda ao roxo e devolveu com a frase: “Sou a tua primavera.”

É incrível como certas frases, que sabem lamechas em qualquer outro contexto, soam tão naturais entre amantes.

Justificou o atraso de mais de uma hora com uma dor de cabeça lancinante, que não combinava nem um pouco com a aparente disposição e o rosto feliz. Talvez fosse a única mulher no mundo disposta a um encontro amoroso mesmo assim.

 Aninhou-se no peito e sentiu-se como se nada de mal pudesse acontecer, era assim desde sempre, um dia lindo de primavera.

 

 

música: She
sinto-me: Na primavera
publicado por Ana Paula Motta às 21:10
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Domingo, 15 de Abril de 2012

 

Minha alma ainda dormia

Meu corpo ainda dormia

Em abril, meio do dia

Sua alma me seguia

Seu corpo me queria

Em abril, meio do dia

Minha alma se perdia

Meu corpo te pedia

Em abril... Meio do dia

música: Como se fosse a primavera´Chico Buarque
sinto-me:
publicado por Ana Paula Motta às 00:51
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Domingo, 19 de Fevereiro de 2012

Sexta-feira, 18 h. Laura ajudava uma aluna com uma pesquisa, impaciente porque o tempo demorava a passar. A lua cheia dividia o céu com o sol.

 

O aparelho vibrou sobre a mesa. Sorriu,respondeu a mensagem e voltou para a tarefa.

 

Novo sinal de mensagem. Em poucos segundos outro... e outro e mais outro.

 

Enrubesceu e não sabia o que dizer à moça que ao lado esperava sua ajuda. Balbuciou uma desculpa e ouviu de volta: “Não fica envergonhada não, fessôra, meu Zé Maria também é assim. Ele tem desespero de mim.”

música: É você- Tribalistas
sinto-me:
publicado por Ana Paula Motta às 20:01
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Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2012

 

 

 

É assim que o meu está hoje. Apertadinho.

música: Sodade
sinto-me:
publicado por Ana Paula Motta às 18:23
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Quinta-feira, 9 de Fevereiro de 2012

Muitos vivem desesperadamente em busca um amor perfeito.

Não são capazes de perceber os encantos das imperfeições.

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publicado por Ana Paula Motta às 19:13
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Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2012

 

 


Olhava encantado a languidez natural com que ela acordava. O nariz vermelho e um pouco inchado davam um ar de adolescente.

 

Ela espreguiçava-se, dizia "Bom dia!" e sempre ouvia de volta um bem humorado: "Preguiçosa!".

As segundas-feiras ganhavam sempre um ar feliz. 

publicado por Ana Paula Motta às 13:11
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Quarta-feira, 27 de Abril de 2011

 

 

 

A felicidade surge de repente com o vento sul.

Desarruma os cabelos, aquieta o coração.

Abro os braços e deixo-me levar.

 

 

música: Sobre o tempo
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publicado por Ana Paula Motta às 20:14
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Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2011


Poema de Lya Luft que não encontrei em um dos tantos livros que tenho,mas na internet.

 

CANÇÃO DA PLENITUDE


Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força -- que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés -- mesmo se fogem -- retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.

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publicado por Ana Paula Motta às 02:23
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Sábado, 5 de Junho de 2010

 

Florbela

Sonhar, viver em transbordamento.

 

Menina,

É preciso cuidar-se.

Prepare seu mundo em silêncio,

Arrume sua casa sem alarde,

Cuide do que é seu com reservas,

Sorria de felicidade, não gargalhe,

Cultive suas flores com zelo,

Espalhe suas sementes no jardim

Deixe que as raízes

Agarrem-se ao solo devagar,

Quieta no silêncio particular,

Traga para o seu sonho em noite alta,

O canto de sua alma a transbordar...

Postado em agosto de 2008 no Todos os Sonhos de Abril do Clube de Leituras (http://www.clube-de-leituras.pt//blogs/apaulamott/)
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publicado por Ana Paula Motta às 03:29
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Sábado, 15 de Maio de 2010

(

Quando chegaste, redescobri em mim inocência e alegria.

Removi a máscara que sobrava:

nada havia a esconder de ti,

nem medo - a não ser partires.

 

Supérfluas as palavras,

dispensada a aparência, fiquei eu,

Sem prumo,

como antes da primeira dúvida

E do último desencanto.

 

Quando chegaste, escutei meu nome como num outro tempo.

O meu lado da sombra entregou

o que ninguém via:

As feridas sem cura e a esperança sem rumo.

 

Começa a crer, por mim, que o amor é possível,

e a vida vale a pena e o pranto

de cada dia.

 

Lya Luft

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publicado por Ana Paula Motta às 16:17
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Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2010

 

 

 

 

 

Eu sei, não te conheço mas existes.
por isso os deuses não existem,
a solidão não existe
e apenas me dói a tua ausência
como uma fogueira
ou um grito.

Não me perguntes como mas ainda me lembro
quando no outono cresceram no teu peito
duas alegres laranjas que eu apertei nas minhas mãos
e perfumaram depois a minha boca.

Eu sei, não digas, deixa-me inventar-te.
ao é um sonho, juro, são apenas as minhas mãos
sobre a tua nudez
como uma sombra no deserto.
É apenas este rio que me percorre há muito e desagua em ti,
Porque tu és o mar que acolhe os meus destroços.
É apenas uma tristeza inadiável, uma outra maneira de habitares
Em todas as palavras do meu canto.

Tenho construído o teu nome com todas as coisas.
tenho feito amor de muitas maneiras,
docemente,
lentamente
desesperadamente
à tua procura, sempre á tua procura
até me dar conta que estás em mim,
que em mim devo procurar-te,
e tu apenas existes porque eu existo
e eu não estou só contigo
mas é contigo que eu quero ficar só
porque é a ti,
a ti que eu amo.

(Poema: Eu sei, não te conheço mas existes, de Joaquim Pessoa)
(Quadro: Odalisque, de Delphin Enjolras)

 

 

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publicado por Ana Paula Motta às 14:36
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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010

A Mais Bonita

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar

Bonita
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar todos
Os desejos que ele tem
Ao me ver passar
Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa de espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo

Que não sei 


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publicado por Ana Paula Motta às 01:42
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