Esse clip foi uma espécie de homenagem que o Rui me fez. Como achei uma gracinha o clip e a lembrança fica marcado o momento aqui no blog.
Vi no poema da Roseana Murray um pedaço de mim que ainda não desaprendeu colher estrelas, sonhar estrelas, viver nas estrelas.
Meu pedaço menina, que ainda é o maior em mim...até quando?
Estrela Cadente
Quando eu estiver
com o olhar distante,
maninha,
com um jeito esquisito
de quem não está presente,
não se assuste,
ó maninha,
fui logo ali,
no quintal do céu,
colher uma estrela cadente.
Uma sensação de sufoco por causa do calor fora de época ou por motivos menos climáticos.
O fim de tarde não trazia boas promessas ou um horizonte belo. O cinza da cidade se espalhava pela alma ou o cinza da alma nublava os olhos.
Um bando de andorinhas alardeava o verão fora de hora.
No meio da multidão, a sensação de não ser reconhecida por nenhuma daquelas caras de certa forma a confortava. Mas viu esse pequeno conforto ser ameaçado. Esquivava-se da cara conhecida, não queria abraços, beijos e – o pior- trocar palavras. Conseguiu escapar.
Respirou fundo e venceu a fumaça da comida de rua e dos veículos feito formigas atarantadas em fim de dia.
Venceu o medo, o enfado e procurou em vão as tais andorinhas. Decerto foram anunciar o verão em outra freguesia.
Por vezes carregava uma dor etérea, como de algumas madonas sacras.
Na maior parte do tempo era alegre como uma cantiga primaveril.
Tinha uma fé quase infantil, fé de menina. Rezava pra anjinhos e santos e era fascinada por velas.
Dos anjos tomou emprestadas as asas.
Anda por ai alada e confusa, mas feliz... ou quase.
“Constantemente amanhecendo”...
Conversa entre amigas...
Na hora da briga...
Conta até três?
Respira no saco?
Lava os pulsos com água fria?
Pede ajuda aos céus?
Faz tudo isso, mas...
Não se esquece de ler tuas cartas de amor...
Não há nada que dê uma “situada” de maneira mais eficaz num coração falsamente partido ou numa cabeça fora de eixo com os problemas do cotidiano a dois.
Pensa nisso da próxima vez...
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Álvaro de Campos